“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.”
Lc 14:28-30
Já repararam que toda boa história tem começo, meio e fim? Ainda que contada fora de ordem, começada pelo fim e retrocedendo, ou apresentando um dado do meio e depois retornando ao começo para se chegar ao fim, ou mesmo no modo tradicional, ou mesmo que fique uma deixa para uma nova história, como nos filmes que terão sequência, toda boa história precisa dessa tríade.
Mas, caso separemos cada uma delas, começo, meio e fim, cada uma delas em particular precisam ser grandiosas? Bem, uma boa história prima por cada uma de suas partes porque deseja-se que quem acessar tal conto permaneça interessado até o final e sim, saia fazendo elogios àquela história e atraia outros a conhecê-la.
Lembro-me de projetos inacabados nesta área do ‘conto’, sobretudo na mídia televisiva e nos serviços de stream de hoje em dia, abandonados ou por falta de recursos ou porque de fato não eram boas histórias e o público não gostou delas, ou seja, ‘não deu ibope’.
No caso específico do texto de Lucas, Jesus faz uma analogia, comparando o desafio de iniciar a carreira da fé, abandonando tudo que antes se vivia para se tornar Seu discípulo. Diz Jesus em Lc 14:26:
“Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”
O começo é grandioso:
Não se pode dizer que o início da carreira da fé não seja algo impactante! De fato, o tal primeiro amor precisa ser algo efetivo, marcante, mas não pode ser apenas sensacionalismo ou emotividade, uma vez que trará, este início de carreira, desafios como o apresentado no v.26, onde as estruturas sociais que cercam o candidato a viver em Cristo serão ruídas, já que o velho homem precisa ser substituído pelo novo e não só não pode continuar velhas práticas como também o chamado lugar de conforto será mudado: relações familiares, profissionais, sociais serão mudadas, conceitos serão substituídos, experiência será aniquilada em nome de novas ações sob novos métodos e critérios e isto muda, com certeza, tudo!
Imagine, por exemplo, um judeu, religião judaica, abrindo mão de tudo que acreditava anteriormente para seguir a Jesus... Imagine isto sob o entendimento de que o Messias deveria ser alguém que restaurasse o reino de Davi e Jesus entra pobre em Jerusalém sobre um jumentinho filho de jumenta (Zc 9:9; Lc 19:35)... Isto seria um grande passo, não acham? Daqueles que te fazem pensar com muito cuidado! E foi isto que Jesus chamou atenção ao dizer das contas dos gastos para construir a torre: o preço seria alto desde o começo e este começo seria, de fato, grandioso!
O meio é grandioso:
Passada a fase inicial, o começo, toda a construção demandará o mesmo esforço e dedicação, bem como seguir o projeto que antes fora delineado, considerando as fases construtivas e o orçamento. Do que estou falando? Obras inacabadas são aquelas que foram abandonadas. Os motivos pelos quais elas são abandonadas são muitos, mas principalmente podemos dizer que o orçamento e o planejamento não foram bem feitos. É difícil suportar os reflexos de uma mudança tão profunda nas relações humanas. Cada consequência advinda do seguir a Jesus, por mais honrosas e necessárias que sejam, não deixarão pedra sobre pedra e ainda concederão ao discípulo a marca de odiado do mundo (Lc 21:17). Você suporta ser odiado? Independente de agir por amor às pessoas e a Deus, o mundo que nos cerca não compreendem isto e sim, haverá reações a sua ação. Assim, o meio depende do começo.
Diante das reações, diante dos pesos que a vida atribui a cada um, as reações de nossa parte também podem ser diversas, mas a mais preocupante delas é justamente o desinteresse e o abandono. As justificativas para isso são diversas, mas a que ouvimos com muita frequência é a de que “já fiz muito pelo Evangelho, fui isso, aquilo e aquilo outro, tenho 50 anos de crente, já combati o bom combate...”. Quem determina quando acabamos a carreira e que de fato guardamos a fé senão aquele que determina quando termina o bom combate? Nós ou Deus?
Por outro lado, obra seguindo avante, firme, seguindo o seu propósito, seu planejamento e dentro do orçamento, a conduzem a um fim esperado, conforme planejado, para atender a demanda para a qual foi projetada. Neste contexto, o testemunho das boas obras se tornarão um parâmetro de sucesso diante de Deus e dos homens, considerando que diante dos homens, não basta ser, precisa parecer ser e, diante de Deus, não basta parecer ser, precisa ser de corpo alma e espírito, ou, em espírito e em verdade (Jo 4:23-24). Isto é um meio grandioso!
O fim grandioso:
Qual o fim esperado a uma construção? Ela precisa cumprir sua função, não é mesmo? Na metáfora que Jesus apresentou, uma torre, esta pode ser utilizada para vigília, como farol, enfim, a função para qual foi projetada. Aqui não cabe o jeitinho! O resultado final do que se espera não pode ser algo que não atende as expectativas e neste caso mantemos firme a nossa esperança de que este fim chegará e será tão bom quanto esperamos que fosse.
Considerando a vida aqui na Terra, como discípulos de Cristo, a antítese do verso 30 seria: ‘todos os que a virem comecem a elogiá-lo dizendo: Este homem começou a edificar e a concluiu.’ Claro, este texto não está nas escrituras, mas outro, parecido, está:
“(...)vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;”
Mt 25:34
Conclusão:
Este é o único fim grandioso esperado por quem crê e é discípulo de Jesus!
Até breve! Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
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