“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.”
1Co 6:12
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.”
1Co 10:23
O Apóstolo Paulo, a respeito das licitudes, tratou, como vimos acima, diretamente, estas duas vezes sobre o tema.
Licitude é, por definição, algo permitido, algo justificado, algo legítimo. O termo empregado por Paulo quanto à permissão, está intimamente ligado à questão coríntia quanto às liberdades pessoais, muito em discussão, de novo, hoje em dia, na igreja e fora dela.
Uma das coisas mais difíceis de discutir, e sempre foi assim, é o que se pode e o que não se pode fazer, independente se o espaço é religioso ou uma instancia pública, jurídica ou não, mas a análise das expressões que acompanham a expressão “Todas as coisas me são lícitas ...” pode ser capaz de dar luz ao tema:
“(...) mas nem todas convêm.(...)”
O que é conveniência? Segundo o Dicionário Priberam:
1. Ser conveniente, útil, proveitoso, decente;
2. Concordar; ser do parecer de outrem;
3. Corresponder, ser conforme;
4. Combinar mutuamente.
Neste caso, o que é ‘lícito’ estaria sujeito a não só ser útil ao que pratica determinada ação, como também a outrem ou ainda estar conforme a algo, combinado com outros. Assim, a licitude estaria sujeita a um padrão mínimo de aceitação. A frase que me vem à cabeça neste caso é: “sua liberdade termina onde a minha começa”. Mas não se encerra aí! Se a ação precisa concordar com o parecer de outrem, precisa estar de acordo com uma norma comum, seja um sistema legal ou um conjunto de regras sob um estatuto ou contrato, tanto de associação livre, como no caso de um clube, um parque, até instituições como a Justiça e a Igreja Local, todas, aqui, instituições humanas.
“(...) mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.”
Não se deixar dominar por nenhuma ação humana, é, com certeza, estar liberto dela a tal ponto que, mesmo a praticando, aquilo efetivamente não domina a vida do praticante. Uma coisa é você gostar de morangos, outra é não poder viver sem eles! A liberdade proposta por Cristo é a exata expressão da liberdade que aqui se aplica: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” (Jo 8:36).
Absolutamente nada presente a esta vida, na qual somos forasteiros (1 Pe 2:11), deve ter o poder de nos prender, de nos tirar a liberdade. Além disso, domínio aqui tem a mesma conotação de cadeia ou de exercimento de poder sobre tal coisa. O que isto quer dizer? Quer dizer que o que te domina te prende (cadeia) e exerce poder sobre sua vida, como fosse seu senhor, como se exercesse senhorio sobre você, e sabemos, o cristão tem a Cristo como Seu Senhor (2Tm 1:2, Jd 1;4) e não uma tigela de morangos, ou, como no exemplo bíblico, um prato de lentilhas (Gn 25:34)!
“(...) mas nem todas edificam.”
O cristão é alguém em construção! De fato, assim como a Bíblia Sagrada foi construída ao longo de 1600 anos, tendo sido utilizados 40 autores humanos, pelo Espírito Santo, que os inspirou plenária e verbalmente, por revelação progressiva, o cristão é alguém que cresce na graça e no conhecimento (2Pe 3:18), de fé em fé (Rm 1:17), até chegar à estatura de varão perfeito (Ef 4:13). Como blocos ou tijolos em uma construção, cada peça em nós deve denotar o crescimento para uma condição meritória: “(...) a medida da estatura completa de Cristo,”! Portanto, cada cristão é um pequeno Cristo querendo alcançar seu Mestre e aí uma pergunta simples surge: será que Jesus faria o que estou fazendo? Será que esta minha prática é aprovada por Cristo? O que edifica é o que ajuda a construir, o que faz aumentar a construção até que se possa dizer: está concluída! Mas não simplesmente construída, está firme, sobre alicerces sólidos e duradouros!
Por fim, respondendo simplesmente a pergunta o que podemos ou não fazer...
Conclusão:
Como cristão, tudo que edifica, tudo que é do alto, com a sabedoria de Deus e não a humana, tudo que é útil, proveitoso, dentro das regras das sagradas escrituras, tudo que é de fé, tudo que não me lança em cadeia da escravidão e que não exerça domínio sobre mim retirando o Senhorio de Cristo, tudo isto, posso fazer!
Até breve! Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
Ps:
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