“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.”
Rm 13:1-7
O Estado sempre esteve ligado direta ou indiretamente à religião, desde que o mundo é mundo e que a religião existe. Para ficar claro, Religião deve ser entendida aqui não somente pela visão relativa à participação de cultos, ou pela visão de Tiago, atendimento a órfãos e viúvas, mas como relação complexa com Deus, seja presencial, como no caso de Adão e Eva antes da Queda, seja como no caso dos patriarcas do antigo testamento ou em qualquer outro momento. Sei que este texto de mensagem não tem sido demasiadamente longo em outras Mensagens, e nem quero neste me alongar, mas exemplificando:
1. Deus mandou Adão e Eva, bem como todos os seus descendentes, no caso nós, sujeitarmos a Terra e dominá-la (Gn 1:26). Isto obviamente foi a primeira instancia de governo concedida aos seres humanos;
2. Os patriarcas foram governadores, se aliaram a reis, legisladores, príncipes, chefes de dinastias, chefes militares, de Gn a Josué, sem se desligar de Deus;
3. Os juízes foram escolhidos por Deus em uma situação de catástrofe moral do Israel, para governar o povo;
4. Os reis sofreram intervenção de profetas ordenados por Deus, bem como diretamente se relacionavam com Ele, como no Caso de Davi e Salomão, principalmente, ou como no caso de Ezequias, que restaurou o culto no templo, dentre outros exemplos;
5. Na volta dos judeus a Jerusalém, pós exílio, a Lei de Deus volta a ser lida pelos governadores.
Estes cinco exemplos acima, só para ficar no Antigo testamento, denotam uma relação profunda entre Deus e o Estado e, pelos meus exemplos, você até pode dizer que isto era relacionado somente com Israel, mas não seria verdade: Ciro, Nabucodonosor, Dario, não eram reis de Israel, mas dominavam sobre, assim como os césares romanos, mas Paulo declara no texto acima citado que “as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus”.
Assim, por princípio, poderíamos dizer que há união entre a Religião e o Estado e esta se dá, primeiramente, porque Deus instituiu o Estado e Deus é a Religião, ou, para ser mais claro, Deus é o motivo da existência da Religião, posto que se busca o religamento do homem com Deus.
Houve, entre o século IV e a Reforma Protestante, 31 de outubro de 1517, a aliança formal entre a igreja e o estado, aliançada por Constantino, rompida por Lutero, que unificou o Império Romano e a Igreja, agora Católica Romana, de forma umbilical e, após a Reforma, a Igreja passa a não ser o Estado, mas torna-se uma parceira, a depender de que ramo religioso (aqui, religião não se tratava mais de relação complexa com Deus, mas simplesmente culto, na forma que tratava a liturgia do ramo, bem como seus ditames de vida comum, cotidiana) o Estado se declarava, católico ou reformado, ao seu líder espiritual que o ajudava a manter a fé do povo e este povo sob o domínio do Estado.
Neste ponto, preciso retornar a Rm 13:1-2, no fragmento:
“as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus”.
Que tipo de deus impõe que simplesmente nos coloquemos sob a autoridade de governantes, cegamente?
Será que é isto que o fragmento acima quer dizer? Por muito tempo, a interpretação deste texto foi apenas uma citação descontextualizada, propositadamente para manter o poder absoluto nas mãos do rei, seja na visão constantiniana, seja após a reforma. Mesmo os reis reformistas (que criaram religiões ou se ligaram à religiões protestantes). Mas, um ditado entre nós cristãos explica bem o que aconteceu neste período: “Texto sem contexto é pretexto para heresia!”. Mas, onde reside a heresia aqui? Explico:
1. Deus é justo e pelos muitos exemplos bíblicos, jamais se aliou à injustiça de reis, vide Nabucodonosor, que se tornou animalesco, como um animal selvagem, por punição de Deus. Os reis vencidos por Abraão e sua aliança, as pragas sobre o Egito, os anos cobrados de Israel por não respeitar a lei do descanso da terra e revezamento de plantio, o que aconteceu com Acabe e Jezabel, Herodes, consumido de bichos, dentre outros;
2. Deus determina que os governantes sejam justos:
“Vós, senhores, fazei o que for de justiça e eqüidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus.” (Cl 4:1)
3. Há limite de se por sob autoridade humana:
“Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (At 5:29)
Assim sendo, Deus jamais se posicionou como alguém que aceitasse tudo que os governantes fizessem, de Israel ou não, sobretudo quando estes eram injustos. Além disso, Jesus reprova a conduta do governante Herodes (Lc 13:31-32) e dos fariseus (Mt 23: 1-36).
Neste caso, a heresia se dá em que se diga que Deus exige de nós compactuar com tudo que os governantes façam. Aliás, a necessidade de que hajam justos é para se levantar contra heresias ou , no caso, injustiças.
E preciso lembrar algo aqui: a Bíblia deve sempre ser a regra de fé e CONDUTA do cristão e nada, absolutamente nada que esteja relacionado com o que é antibíblico, que atente contra a moral bíblica e contra as leis de Deus pode ser apoiada em qualquer momento, sob quaisquer circunstancias, por cristãos.
Neste contexto, no mundo democrático, as eleições determinam os governantes e é através do voto que povos como o brasileiro, determinam quem os governará a cada 04 anos, bem como que governante deixará de governar, através de seus representantes legislativos, que também são eleitos a cada 04 anos, caso dos deputados, ou 08 anos, caso dos senadores.
Quem a igreja local deve apoiar?
Como o voto é livre e cada pessoa deve exercer o arbítrio livre para escolher seu governante, de fato a igreja local, como instituição humana, não deve dizer em quem se deve votar ou não, a título de obrigar a votar, de ‘cabrestar’ o voto. Contudo, como assiste à igreja ensinar certo e errado por padrões bíblicos, esta deve orientar no sentido de que seus membros devem preferir votar em quem melhor represente os padrões morais e espirituais dos cristãos. Em que casos? Veja:
1. Liberdade de culto;
2. Liberdade de vida;
3. Liberdade de imprensa;
4. Proteção da família;
5. Proteção da procriação, desde a fecundação;
6. Proteção do gênero genético;
7. Proteção da propriedade;
8. Defesa do mérito;
9. Defesa da livre concorrência, do livre comércio e da obtenção de lucro justo;
10. Defesa da honra;
11. Defesa da paz;
12. Proibição de atividades ilícitas.
Os 12 (doze) pontos acima representam o todo ou a maior parte dos elementos comuns que todos nós, seres humanos, sobretudo cristãos, precisamos para viver tranquilamente sobre a terra e devem ser alvos de oração, conforme orienta Paulo a Timóteo (1 Tm 2:1-4).
Seria, portanto, um grande contrassenso se orássemos por tais coisas, como aliás oramos quando nosso alvo de oração é missiológico, sobretudo pedindo intervenção de Deus nos países em que o cristianismo é combatido diretamente por governos autoritários ou indiretamente, em governos e países materialistas e, em nosso país, favorecessemos a imposição de força socialista, comunista, autoritária e materialista.
Seja pessoa, seja programa partidário, quem se posiciona contra estes pontos 12 pontos, dentre outros, não merece apoio de cristãos em hipótese alguma, uma vez que, para que orar a Deus pedindo tais coisas se na hora da ação escolhemos pelo voto quem é contra os princípios norteados pela Sua Palavra?
Conclusão:
Diante de tudo isto, respondendo a pergunta: Estado, Politica, Religião e Igreja Local, deve ou pode haver união entre eles?
A resposta é sim desde que compreendamos que todo poder emana de Deus, contudo, não há união entre luz e trevas e, quando um governante se põe em trevas ou um candidato vive nelas, não merece o apoio de cristão, é reprovado por Deus e, portanto também deve ser reprovado pela igreja local. Esses não gozam da benção de Deus e de Sua unção governamental, se colocam sujeitos a juízo dos homens, pela lei humana, e de Deus, pela sua justa Lei.
Até breve! Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
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