“ Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.”
2Co 7.10
A paz de Cristo!
Você já se arrependeu de algo em sua vida? Como cristão, certamente que impactado pela mensagem da salvação foi apresentado ao fato de que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23, 5.12) e, convencido do pecado, da justiça e do juízo, pelo Espírito de Deus (Jo 16.8) arrependeram-se (At 17.30). Contudo, mesmo já tendo se arrependido para a salvação, continuamos vivendo nesta luta entre carne e espírito e não raro, uma palavra dita em hora errada, um esbravejar, um ato falho, uma falta de vigilância e lá está a voz do Espírito a requerer-nos a reparação do dano, no pedido de perdão que sim, deve vir do arrependimento e com a conclusão de deixar aquele mal, como no “vai e não peques mais...”!
Em se tratando dos pecados cometidos antes do processo de salvação, Atos 17.30 nos lembra que “Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância,”, ou seja, desconsiderando de pronto a dívida anterior, uma vez que arrependido o ser humano e aceitando a Cristo como salvador, a pena de morte é paga e o Novo Nascimento (Jo 3.5) traz a vida (Jo 3.3,6), que é a restauração do relacionamento do homem com Deus (Rm 6.23), mas...
... Quando o assunto diz respeito à vida do crente que já se encontra no rol dos que venceram esta etapa e estão reconstituídos à presença de Deus, João, o apóstolo nos adverte que ainda nos é possível pecar:
“se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.” (I Jo 2.1).
Mas este pecado não pode ser uma constante na vida do crente, senão um acidente, pois a prática comum do pecado, repetido, não abandonado, é produto de um mentiroso que diz guardar os mandamentos de Deus, mas não o faz:
“Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.” (I Jo 2.4)
Neste caso, conclui João, que quem diz viver pela fé precisa viver como Cristo, que não pecou:
“Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou.” (I Jo 2.6)
Diante desta questão, seria possível ao homem viver integralmente sem pecar, após ter recebido de Deus a promessa da Salvação?
Essa pergunta pode ser respondida da seguinte maneira: houve homens que foram trasladados sem conhecer a morte:
· O Enoque de Gênesis 5.24, pai de Matusalém (969 anos, o homem mais longevo da Bíblia), que viveu 365 anos e que era amigo de Deus e que Deus o levou para si, dele não é dito que pecou para além de Rm 3.23 e 5.12, mas pela conclusão desses dois versos da palavra de Deus, podemos dizer, sim, pecou;
· Elias, o profeta que subiu num redemoinho (2 Rs 2:11), com ou sem a carruagem, mesmo tendo vencido a profetas de Baal se recolhera com uma impressão equivocada de que era o único que defendia a fé em Jeová, mas que, a semelhança de Enoque, só podemos com clareza dizer, se enquadrada como pecador pela ótica de Rm 3.23 e 5.12, porque ele não duvidou de Deus, não teve fé vacilante, mas sim um processo depressivo psicológico advindo da solidão que experimentou posto que não via koinonia horizontal, comunhão entre ele e outros homens. Deus o corrigiu lhe mostrando 07 mil remanescentes (I Rs 19.18) e tratado, foi-lhe restabelecido o vigor. Moisés, diferente dos dois anteriores, irou-se e pecou ao fender a rocha com violência, pecou.
· Daniel e Jó foram reconhecidos diante de Deus como homens retos, sinceros, tementes e que se desviavam do mal, mas nem eles, nem o pai da fé Abraão foram considerados justos o suficiente para salvar a humanidade, havendo assim a necessidade de Jesus, o Filho de Deus, o Deus filho, sem mácula, sem pecado, se entregar pela humanidade em sacrifício vivo que foi morto na cruz, tendo ressuscitado ao terceiro dia, sim, tornando nossa fé um ato genuinamente eficaz, portanto, também pela ótica de Rm 3.23 e 5.12 esses, exceto é claro, Jesus, também pecaram.
É preciso porém enxergar uma diferença: todos os citados acima, Enoque, Elias, Abraão, Moisés, Daniel e Jó, todos eles viveram antes da plenitude dos tempos (Gl 4.4), antes da encarnação de Jesus, antes da restauração estabelecida pela fé em Cristo e antes de o crente ser morada do Espírito Santo. Neste caso, nos cabe compreender que mais que um exemplo, Jesus é uma meta de vida, como João nos assevera em I Jo 2.6.
Ainda assim a queda é possível?
Vemos que sim! Tanto a queda quanto a restauração, pelo arrependimento! Se assim não fora, o Livro de Apocalipse não registraria a expressão do Mestre “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” (Ap 2.5).
Mas cabe um alerta! Tanto o que Jesus disse, “se não te arrependeres” e “tirarei do seu lugar o teu castiçal” quanto o que o escritor aos Hebreus diz:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério.”
Hb 6.4-6
Ambos apontam para um limite que pode ser bem descrito como processo de apostasia. Apostasia esta que não nasce da noite para o dia, mas é um processo de endurecimento do coração (Hb 3.8, 15, 4.7), de cauterização da mente (I Tm 4:2), e por fim, de negar a fé, advindos da prática constante do pecado.
Conclusão
O arrependimento é necessário, a vigilância tem que ser constante. Temos como lutar contra o pecado, temos advogado se pecarmos, a probabilidade de pecarmos é alta, mas podemos viver à semelhança de como Cristo viveu!
Pense nisso!
Até breve! Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
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